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O papel do crédito para o fortalecimento da economia brasileira

Por Adilson Seixas, CEO e Fundador da LOARA Crédito

 

“Crédito é a parte mais importante e menos entendida da economia.” A reflexão do investidor americano Ray Dalio, autor do livro “Princípios Para a Ordem Mundial Em Transformação: Por que As Nações Prosperam e Fracassam”, oferece um norte essencial para refletirmos sobre o papel do segmento creditício dentro do panorama econômico de um país.

Além disso, quando acompanhamos diferentes análises especializadas sobre o tema, muitos economistas e pesquisadores concordam que o crédito é uma das principais ferramentas para oxigenação do ambiente de negócios global, haja vista que ele contribui diretamente para:

  1. O estímulo ao consumo de produtos, serviços e matéria-prima.
  2. Para o financiamento operacional das empresas.
  3. Para os fluxos do comércio exterior – tanto na importação de insumos quanto na exportação de produtos.
  4. Para o crescimento estratégico das organizações – seja por meio da contratação de mão de obra, expansão, estoque ou abertura de novas unidades de negócio.
  5. No fomento a projetos de inovação e transformação digital.

 

Dito isso, a complexidade sobre a compreensão da função creditícia no fortalecimento das economias diz respeito ao fato de que a expansão ou retração do volume de crédito no mercado depende, sobretudo, de uma conjunção de indicadores que dialogam entre si. Um dos pontos centrais nesse sentido envolve a equação juros X crédito.

Em artigo recente para o Monitor Mercantil, por exemplo, pesquisadores da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) destacaram que o crédito é um dos instrumentos da política monetária do Banco Central e que, quando o BC reduz a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira), via de regra, há um estímulo sobre o crescimento do volume de crédito no país. Dedutivamente, quando a Selic avança, as instituições financeiras tendem a adotar políticas creditícias mais conservadoras.

Nesse sentido, sem desconsiderar a necessidade de uma política de juros que atenda às necessidades estruturais do país – sendo a contenção da inflação o fator elementar de aumento da Selic – é fundamental que se encontre um equilíbrio na estratégia de condução macroeconômica nacional, uma vez que o aumento do custo do crédito tende a impactar negativamente nos processos de retomada econômica e crescimento de uma nação.

Essa relação é facilmente percebida quando observamos o crédito x crescimento econômico em nações que passaram por grandes expansões nas últimas décadas. Um exemplo evidente nesse sentido é o da Coreia do Sul que, a partir da década de 80, viveu um período de forte crescimento que hoje a coloca entre as principais economias do mundo.

Sobre esse ponto, um estudo da Universidade do Vale do Paraíba demonstrou que, entre 1998 e 2001, a correlação do crédito no PIB coreano foi de 83,20%. Já no Brasil, esse volume representou cerca de 35,23%. Vale frisar que entre 1999 e 2001 – após a crise asiática – a economia sul-coreana cresceu respectivamente 9,6%, 9,1% e 4,9%, enquanto no Brasil, a expansão do PIB foi de 0,5%, 4,4% e 1,4%.

Este mesmo estudo destacou também a correlação de que o alto volume de crédito no PIB é presente também nas já estabelecidas economias de 1º mundo. No mesmo período estudado, por exemplo, essa correlação nos Estados Unidos, Zona do Euro e Reino Unido foi de, respectivamente: 72,91%, 105,73% e 131,28%.

A boa notícia dentro desse contexto é que boa parte da população brasileira e do empresariado já estão cientes sobre a importância do crédito para a economia brasileira. Em pesquisa do Serasa divulgada no ano passado, 63% dos entrevistados afirmaram que o crédito é fundamental para a retomada do país.

É preciso que políticas estratégicas e consistentes para o segmento creditício sejam consideradas dentro das projeções e planos econômicos para 2023. Pois o crédito forte é um pilar indispensável para pensarmos em um futuro no qual, de fato, o Brasil atue com protagonismo na conjuntura global.