No último dia 24/06, o Banco Central (BC) revisou suas projeções para o mercado de crédito, indicando que o estoque de empréstimos e financiamentos em 2021 deve crescer 11,1% (número mais de 3% superior ao divulgado em março pela autoridade monetária).
Só no plano dos empréstimos de instituições financeiras às empresas, por exemplo, o BC estimou uma alta geral de 8% nos estoques de crédito (ante os 3,4% do Relatório Trimestral de Inflação, RTI, de março).
Ademais, diante da sanção de medidas como o PRONAMPE, programa de crédito do Governo Federal agora tornado permanente, as expectativas para o ambiente de crédito brasileiro seguem a pleno vapor, sobretudo – conforme ressaltou o chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, em entrevista coletiva – em relação as operações de longo prazo e da “continuidade da demanda das empresas por crédito ligada à expansão do seu parque produtivo.”
Dito isso, porque, mesmo com números que indicam um mercado de crédito robusto e aquecido no país, tantas empresas têm dificuldade para acessar empréstimos nos bancos; muitas delas chegando, inclusive, a quebrar?
Apenas para ilustrar este cenário, uma reportagem recente da Folha de S. Paulo destacou que os números de falência no setor de serviços quase dobraram no último mês de março e uma das razões apontadas para esse contexto de crise foi, justamente, os obstáculos no acesso ao crédito.
A raiz deste problema, dentre outros pontos, envolve uma questão central que precisa ser enfrentada pelo meio empresarial do país: o grande fato é que o empreendedor não conhece, com profundidade, as especificidades do sistema financeiro e bancário que é a base de sustentação do mercado de crédito no país.
E esta não é uma crítica aos empreendedores. Quando levamos em conta que a estrutura de nosso mercado de crédito é complexa, diversificada (em termos de linhas, produtos e perfis de instituições) e está, inclusive, passando por uma profunda transformação envolvendo questões que vão da digitalização a abertura de dados e a entrada de novos modelos de negócio no setor; é natural que o empresário não tenha expertise e pleno domínio das dores do acesso ao crédito.
Além disso, precisamos levar em conta que, para crescer, o empresário deve concentrar esforços no core business de seu negócio, dando atenção para evolução de seus produtos e serviço; na expansão e atenção sua carteira de clientes; no posicionamento estratégico da empresa diante da concorrência.
Neste sentido, a falha do empreendedor não reside em não conhecer as dores do mercado de crédito, mas sim, em não se planejar e não buscar o suporte devido de especialistas, capazes de superar esses desafios por meio de um conhecimento estratégico das nuances e oportunidades do setor de crédito.
Muitas vezes, o empreendedor julga que basta saber negociar e conhecer uma ou duas linhas de crédito da instituição em que já é cliente para conseguir um empréstimo com boas condições para o seu negócio. E aí mora outra falha que pode ser, nos cenários mais críticos, crucial para a sobrevivência de uma organização.
Somente com uma inteligência de crédito que mapeie com amplitude as linhas de crédito disponíveis no mercado, será possível encontrar o banco que realmente tem fit com o perfil de uma empresa, sendo capaz de oferecer condições positivas em termos de prazo, taxas e juros.
E isso – nunca é demais bater nessa tecla – só é construído quando se conta com uma ampla rede de especialistas que, além de acompanhar continuamente as tendências, oportunidades e transformações do setor de crédito, contam ainda com o suporte da inovação para maximizar seu poder de estudo do mercado, bem como, com relacionamento próximo com uma série vasta de bancos e instituições financeiras.
Em outras palavras: o Brasil, realmente, vive um momento positivo no âmbito do mercado de crédito. Mas este fator, por si só, não basta: do mesmo que em outras áreas que não são o core business do negócio, é preciso que o empreendedor busque um suporte inteligente, especializado, capaz de intermediar os passos da empresa em prol de uma jornada de crédito bem-sucedida.