Dentro do movimento de retomada das atividades econômicas no ambiente de negócios brasileiro, muitas empresas buscam no crédito uma rota para o fortalecimento de suas operações diante do aumento das demandas de consumo e também para investirem em diferenciação por meio da implementação de novas tecnologias, diversificação do portfólio de produtos e serviços ou mesmo para processos de expansão e contratação de mão de obra.
Não por acaso, de acordo com o último relatório do Banco Central do Brasil divulgado no fim de abril com estatísticas monetárias e relativas ao segmento creditício, o crédito ampliado a empresas atingiu R$4,6 trilhões (51,7% do PIB), índice que representa uma avanço de 7,8% em relação ao mesmo período de 2021. Só no âmbito da carteira de empréstimos do sistema financeiro, aliás, o crescimento foi de 11%, segundo o BCB.
Tais dados refletem, por sua vez, tanto a confiança do meio empresarial em uma melhora econômica do país – mesmo diante de um contexto mais instável gerado por fatores internos e externos, incluindo o próprio ano eleitoral que costuma trazer volatilidade para diferentes indicadores de mercado –, quanto a necessidade de uma recuperação ágil das perdas de faturamento vividas nos últimos dois anos.
Mas, dado esse cenário atual, uma reflexão importante merece ser conduzida: sua empresa, de fato, está pronta para buscar uma linha de crédito satisfatória para a realidade do seu negócio? Isto é, que garanta sustentabilidade financeira para a operação e conte com prazos flexíveis, além de taxas e juros que caibam no seu bolso?
Refletir sobre esse ponto é importante quando observamos que, ao passo que os empréstimos às empresas realmente tem se expandido em 2022, é essencial destacar que a inadimplência das companhias em operações financeiras (incluindo operações de crédito) também cresceu nos últimos meses.
É o que demonstra o Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian, segundo o qual, o percentual de negócios com dívidas pagas em até 60 dias após a negativação foi de apenas 34,4%, menor índice desde dezembro de 2019.
Nesse sentido, mais do que o interesse em aderir a uma linha de crédito de qualidade, o fundamental é avaliar o potencial de sua empresa para a conquista (e quitação) desse capital tomado via terceiros (bancos, fintechs e outras instituições financeiras).
Dito isso, para ser acurada, essa análise e o respectivo desenho de sua jornada de crédito deve levar em conta pelo menos 5 fatores principais. São eles:
Planejamento e organização financeira
Como toda iniciativa importante para a realidade de um negócio, a tomada de crédito empresarial precisa ser planejada. Ademais, a empresa não deve encarar o crédito de modo imediatista, buscando uma linha de empréstimo somente em caráter de urgência ou com o caixa excessivamente fragilizado.
Ao se colocar nessa condição, além de ter as chances reduzidas para a conquista de um crédito de qualidade, a empresa corre o risco de perder de vez os trilhos de seu equilíbrio financeiro, entrando para a estatística da inadimplência.
Em contrapartida, ao atuar com visão estratégica e de longo prazo, a empresa pode, inclusive, negociar linhas pré-aprovadas para implementar projetos mais robustos de expansão ou acessar o crédito conforme o objetivo do negócio.
Qualidade das garantias
Para conquistar crédito de qualidade, também é indispensável oferecer garantias confiáveis para as instituições financeiras. E aqui a regra é bem objetiva, quanto maior for a liquidez da garantia (rapidez com a qual um bem ou ativo pode ser convertido em capital), maiores as possibilidades de acessar de linhas de empréstimo empresarial interessantes para o seu negócio.
Em outras palavras: as garantias são um trunfo de negociação decisivo junto aos bancos e demais instituições financeiras.
Busca por parceiros de intermediação de crédito
Assim como em outras demandas de uma empresa é comum que se busque o suporte especializado para que aquela atividade (geralmente fora do core business da companhia) seja realizada com maior eficiência, em se tratando de uma operação de crédito, hoje em dia, as organizações já podem contar com parceiros estratégicos para, dentre outros pontos:
- Mapear linhas de crédito empresarial em diferentes instituições;
- Orientar a empresa quanto a documentos, garantias e organização de processos antes da negociação junto aos bancos;
- Avaliar quais opções mais se adequam e tem fit com a realidade financeira de um negócio;
- Apoiar a empresa na construção de redes de linhas de crédito pré-aprovadas.
E, dado o cenário atual do segmento creditício (cada vez mais pulverizado), ao dispor de um parceiro especializado, a jornada rumo ao crédito de qualidade tende a se tornar mais ágil e a empresa não precisará se limitar as opções de empréstimo do banco com a qual já possui outros produtos financeiros – o qual, nem sempre oferece as melhores alternativas no plano do crédito.
Capacidade de pagamento
Naturalmente, a empresa precisará avaliar sua capacidade de pagamento diante das condições oferecidas pelo banco. Lembre-se sempre: mais vale um prazo flexível com parcelas que cabem no bolso, do que uma linha de crédito que, no longo prazo, pode se tornar inviável para a realidade financeira da empresa.
Visão de futuro
Finalmente, o empresário precisa entender também qual o seu objetivo com o crédito. Traçando um planejamento guiado por uma visão de longo prazo, o crédito deixa de ser uma alternativa emergencial para se tornar uma ferramenta de sustentabilidade financeira capaz de viabilizar não só a retomada econômica de um negócio, mas projetos, novos objetivos e o próprio futuro de uma organização!
Fonte dos dados citados
https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticasmonetariascredito
https://monitormercantil.com.br/bc-emprestimos-cresceram-165-em-2021/