O processo de digitalização do ambiente de negócios global tem transformado os paradigmas de diferentes segmentos econômicos no Brasil e no mundo. Com o sistema bancário não é diferente e, a princípio, este movimento pode gerar a impressão de instabilidade e de novos desafios para os profissionais que atuam no setor.
Só no Brasil, por exemplo, os 4 maiores bancos do país fecharam 1.692 agências só em 2020, além de 5 mil caixas eletrônicos e redução expressiva de seus quadros de funcionários – ao todo, quase 10 mil postos de trabalho foram fechados no ano passado. O levantamento foi divulgado pelo Portal R7, com base nos dados de balanços do Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil.
Para qual direção apontam esses dados? Afinal, estamos diante – como muitos especialistas do mercado indicam – do fim gradativo da profissão de bancário? Se olharmos apenas para o “lado meio vazio” do copo, a resposta será sim. Segundo números de um estudo divulgado pelo G1, entre 1986 e 2016, 40% das vagas em bancos foram eliminadas e a própria profissão corre risco de ser extinta até 2050.
Todavia, este é apenas um dos eixos da moeda e, na minha visão, o que estamos vivenciando é um processo de transição e, por que não, de evolução das perspectivas sobre a essência da profissão de bancário.
Um ambiente de negócios em transição
Dentro deste contexto, é importante entendermos que, de fato, todo movimento de mudança mercadológica mais profunda, inevitavelmente, gera impactos. Entretanto, ela também gera novas oportunidades que, se aproveitadas, podem representar todo um horizonte de perspectivas positivas para agentes de um determinado segmento.
E essa lógica também vale para o processo de digitalização do ambiente de negócios contemporâneo. Já em 2015, um estudo da Siemens apontou que a digitalização e processo de automação do mercado – ao contrário do que visões mais imediatistas poderiam supor – gera empregos e acelera a competitividade do mercado. Um relatório recente da Fundação de Inovação e Tecnologia da Informação dos Estados Unidos indica cenário parecido, afirmando inclusive, que além de gerar empregos, novas tecnologias como a robótica, otimizam o crescimento do PIB dos países.
E isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que postos de trabalho mais tradicionais e analógicos são fechados, novas oportunidades que precisam das habilidades críticas, interpretativas e, em suma, dos soft skills humanos, são gerados para aqueles que souberem se adaptar ao novo contexto do mercado. E isso envolve, certamente, buscar atualizações, cursos e a ampliação de conhecimentos que serão indispensáveis nos ambientes de trabalho do futuro.
Tendências no horizonte
Atentas a esse movimento de transição, empresas mais inovadoras do mercado têm gerado, de modo contínuo, novas oportunidades visando, sobretudo, profissionais com a expertise adquirida ao longo de anos de atuação no sistema bancário. Deste modo, ao passo que a estrutura tradicional dos bancos e instituições financeiras vive os impactos da digitalização, novas organizações contribuem para a absorção de talentos com conhecimentos sobre conceitos do mercado financeiro e bancário e até mesmo experiência em gerência de instituições financeiras.
Para tanto, é importante que os profissionais fiquem atentos às oportunidades de capacitação, atualização e de vagas que abarcam tanto os conhecimentos advindos do universo bancário tradicional, quanto as novas tendências e metodologias que estão sendo fundamentais para a disrupção do mercado.
Em outras palavras: o mercado, de fato, está se transformando, mas isso não significará o “fim da profissão bancária” e sim, na minha visão, a evolução para nichos especializados que, inclusive, tendem a valorizar profissionais experientes, em prol de ambientes diversos que tem tudo a ver com inovação e com a quebra de paradigmas culturais. E, com essa perspectiva colaborativa e aberta para novos conhecimentos, os profissionais bancários só tendem a ganhar.