Do Diário do Comércio, Artigo de Karina Lignelli
Com a segunda onda de contágio da covid e o novo endurecimento das medidas restritivas, as MPES tiveram queda de 40% nas receitas em fevereiro último comparada ao pré-pandemia, diz pesquisa Sebrae/FGV.
Em busca de fôlego para cobrir a folha de pagamento ou ter fluxo de caixa, a busca por crédito para fazer frente à perda de faturamento volta ao radar dessas empresas. Mas um outro levantamento do Sebrae com a FGV, realizado em 2020, aponta que só 1 a cada 7 MPEs que solicita empréstimo efetivamente consegue.
Fundador e CEO da Loara Referência em Crédito Empresarial, Adilson Seixas lembra que o crédito é parte do objetivo de milhões de empreendedores que querem fortalecer seus negócios. Mas, principalmente, para se recuperar de cenários de crise financeira, preservar empregos e dar continuidade ao legado da empresa.
“Não à toa, o Banco Central prevê que, até o fim do ano, o mercado de crédito deve crescer 8%, graças a medidas de incentivo ao crédito e apoio às empresas no contexto da pandemia”, afirma.
Sócio da Morais Advogados, empresa especializada em recuperação de crédito, Afonso Morais explica que, na atual situação de queda de atividade econômica, em que o objetivo das MPEs é sobreviver, o ideal é buscar capital de giro com carência para início de pagamento – como o Pronampe, por exemplo.
Em relação à garantia para o financiamento que será concedido, o maquinário poderia ser usado como pagamento de parte do faturamento, até o limite de 40% dos recebíveis, explica o advogado.
“Mas há formas de conseguir empréstimo com garantia de recebíveis, como via maquininhas ou fintechs que são factorings digitais, com concessão de credito rápido e sem muita burocracia”, destaca.
Na prática, porém, a questão é outra, conforme mostra o levantamento do Sebrae. Muitas MPEs acabam de mãos vazias por não serem informadas dos motivos de os bancos não aceitarem o pedido de empréstimo. “Já ouvi muitas perguntarem se há alguma estratégia para ter sucesso na obtenção do crédito”, diz Seixas.
Para facilitar a vida dos pequenos negócios e ajudá-los a se prepararem melhor para buscar empréstimos, o CEO da Loara cita as 5 principais razões dessa recusa nos bancos e instituições financeiras:
FALTA DE GARANTIAS
O fornecimento de garantias de acordo com montante de crédito que a empresa necessita é uma etapa essencial e indispensável para ter sucesso na obtenção de empréstimos pessoa jurídica junto aos bancos.
A partir daí, as instituições avaliam que linhas de crédito e montantes de capital podem ser fornecidos para uma empresa que tenha grau consistente de segurança e adimplência, informa Seixas.
RESTRIÇÕES FINANCEIRAS
Parece óbvio, mas empresa não pode possuir restrições financeiras que sejam impeditivas para a liberação do crédito. Por mais que muitas organizações busquem empréstimos para equilibrar o caixa de seus negócios, é importante que esse passo seja tomado de modo planejado. “A partir do momento em que existam restritivos mais severos no mercado, a conquista do crédito se torna pouco viável”, diz.
PERFIL FINANCEIRO
O perfil financeiro pode não casar com as linhas de crédito e opções financeiras oferecidas por uma determinada instituição bancária. Por isso, é muito importante mapear as diferentes soluções de crédito disponíveis no mercado. “Contar com o apoio de especialistas que podem traçar estratégias de inteligência de crédito pode maximizar as chances de sucesso na relação com os bancos”, afirma.
SCORE BAIXO
O score de crédito é um modelo estatístico utilizado pelas instituições financeiras para avaliar o potencial de adimplência de pessoas físicas e empresas no processo de concessão de empréstimos e outras soluções financeiras, explica o CEO da Loara. Em resumo, os três fatores anteriores combinados é que contribuem para que se atinja ou não o percentual mínimo – ou score – para liberar o crédito.
AMBIENTE ECONÔMICO
Por fim, o momento econômico vivido por um país é outro fator considerado pelas instituições financeiras antes de liberar o crédito.
Levando em conta os demais critérios, é fundamental que o empresário considere que a busca por recursos deve ser planejada e fundamentada em estratégias inteligentes, que permitam que o empreendedor acesse oportunidades de crédito vantajosas, e que não comprometam o equilíbrio financeiro dos negócios.
Assim, os empreendedores podem buscar apoio de especialistas, como os da equipe do Sebrae, para implementar metodologias baseadas em inteligência de crédito. “Quando planejada, a tomada de crédito é um instrumento capaz de pavimentar a estrada para um futuro financeiramente sustentável”, conclui Seixas.